quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A essência das coisas...

Ataca-me a sensação de querer-te longe, de saber-te o inverso do que outrora te mostraste.
Não inquieta-me ver-te voar em direção oposta à terra que por vezes foi minha, com ares de que és superior, tendo eu, a certeza de que não és.
Pergunto-me: Como pode um ser tão vazio ser tão cheio de si? Como pode alguém tão desprovido tentar se passar por provedor?
Talvez a escassez do outro nos torne escravos do nosso egoísmo voraz, esse rude senhor de senzala, impiedoso capitão do mato.

Acalma-me a certeza de saber-me tal como sou e de me ser tão puramente essencial.
Se em cada gota de essência me completo em mim, em forma de energia, de sol, de mar, de luz, de mais a mais, tudo mais bonito e iluminado com as cores que eu mesmo me pinto na tela da vida que eu persisto em colorir a finos traços e riscos nem sempre bem traçados, porém sempre feitos a punho próprio, forte e sensível, como ondas que ao apagar as pegadas na areia deixam também um lindo rastro de espuma em seu lugar!

E se as folhas caem das árvores é porque é tempo de outono. E os ventos sopram com essa tal finalidade de ajudá-las na difícil tarefa de desapegar-se do galho ao qual estão presas e se atirar no espaço entre elas e o resto do mundo, deixando-se à mercê dos inconstantes caminhos que ele, o vento, traça em seu balé.

E se a vida vem da natureza, então que seja assim, natural, como tem que ser, cheia de ternura animal e sincera beleza!

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