segunda-feira, 14 de junho de 2010

Desconhecimentos!

Hoje eu li o meu mapa astral.
Ler essas coisas me faz pensar em coisas que nem sempre quero encarar.
Estou sentado aqui em algum lugar entre o que fui e o que não sei se quero ser. E de fato, não consigo me levantar. Simplesmente não consigo sair desse lugar aterrorizantemente cômodo. E nem é cômodo por ser seguro, pois ele não é nem um pouco seguro. E por isso é demasiado assustador que seja tão cômodo sendo o mesmo tão instável e frágil.
Quando me levanto sou como bêbado trôpego esboçando passos e caindo pelas calçadas sujas, enlamaçadas e semelhantemente bêbadas!
As vezes me olho em mim e não me enxergo. Me vejo de relance, como um vulto que passa correndo por dentro de mim e some rapidamente. Ou desaparece de vez ou se esconde por algum motivo que eu desconheço, mesmo buscando conhecer-me tanto.
Sou esquisito. Pareço normal e engavetadamente organizado aos olhos alheios. À parte isso, tenho em mim todas as esquisitices do mundo!
A estranheza se destaca de longe. E de perto, quem de fato me lê, hoje percebe as diferenças incoerentes da minha escrita quase sempre tão poética e compreensível.
E é tão engraçado e perturbador se colocar do lado de lá da ponte, num ponto onde você nunca foi, na ponta mais alta de um lugar qualquer entre a crise e o desespero de não saber-se. Parece que saber sobre tantas coisas é na verdade não saber absolutamente nada.
Minha cabeça está cheia com um turbilhão de pensamentos desordenados que eu malmente consigo vomitar no papel, esse com linhas mal traçadas, como as linhas da minha mão maltratada, calejada e inexata. O ditado diz que 'cada cabeça é um mundo', e eu penso que se o que tem aqui dentro for o mundo, eu sou feliz por só ter uma cabeça.
Meu coração bate numa velocidade sofrida. Sente bater-se até machucar. Sangra mais do que o normal. Bombeia explodindo em dores!
Tenho vontade de rasgar as páginas que escrevi usando o computador e me sinto inútil por não poder amassá-las entre meus dedos ásperos.
Não sei como ordenar nada, nem a mim mesmo. São tantos desejos desnutridos que a alma deixou de alimentar!
Conheço tanta gente. Tanta gente diferente. De mim e em mim. Mas de que adianta conhecer tanta gente e não conhecer a si próprio? E tem tanta gente aqui, que eu ainda não conheço, em mim. E talvez, conhecer toda essa gente seja o caminho para conhecer-me, a mim!!!
Eu devo estar ficando louco mesmo. Sim, eu só posso estar ficando doido pra querer me conhecer assim. Me esquece. Me deixa. Me larga! Mas eu me amo! Eu me amo tanto e por que eu faço isso comigo? Me diz. Me explica. Me dá uma razão, uma explicação qualquer. Nem que seja a explicação mais coerente e racional do universo, mas por favor, me explica! Tudo bem, me explica como se eu tivesse 6 anos de idade, mas me diz alguma coisa. Qualquer coisa que me desentenda, alguma coisa que me desarrume. Por favor, me descobre. Me aprende em toda minha esquisitice. Me aprende pra eu poder me ensinar.
E se eu de fato me ensinar? O que aprenderei?
E se eu de fato me conhecer? O que sobrará?
E se eu de fato me conhecesse? Quem eu conheceria?
Logo eu que nunca soube o que fui, vou saber o que sou?
E que propriedade teria eu para me ensinar sobre mim mesmo? Se a matéria da qual menos entendo sou eu.
E se eu não me sou, não me entendo, não me ensino e não me aprendo, por que ainda insisto em me escrever?

Um comentário:

Flávia Prosdocimi disse...

porque escrever serve para conhecer-se e para ser e para des-ser e para nada. e é a falta de utilidade que faz da escrita algo tão essencial e inexato. e importante e completamente irrelevante. há que se bagunçar para que tudo chegue em seu devido lugar. não se culpe. gavetinha. organize-se!