Raio de Luz chegou, iluminou os dias tão gris.
Trouxe uma paz de quem te enxerga no fundo, além do bem que
se quis.
Em pouquinho tempo, me fez despertar, se fez enxergar, lá
dentro de mim.
Abriu-se num lindo olhar, sotaque de BH, carinho para passar
a fase ruim.
Assusta-se e se deixa nublar, o vento agita o mar, a nuvem
do temporal cobriu o azul.
A cabra que recuou, passarinho que não voou, e o pé de
carinho que não quer desabrochar.
O coração de criança que não cultiva a erva do ego, envia
amor e carinho, mesmo de longe ou sem qualquer retorno.
Coração de menino não pensa no tempo do conhecimento, se faz
um ano ou uma semana, mas se apega a quem o enxergou, para além da capa, para
além da pele, para além do mundo.
Ninguém em tão pouco tempo enxergou tão bem a alma do
passarinho, mesmo em meio às suas penas. Raio de Luz iluminou e conseguiu
enxergar o coração simples do pequeno pássaro, assim como ele o é. Acho que por
isso aconteceu o apego. Tantas coisas em comum, tantas afinidades notórias,
tantas a se descobrir. Da poesia de Manoel de Barros ao carinho no pé. Da
profissão amada e da que te dá o pão.
Como podem dois seres de coração bom, com tantas coisas em
comum, tendo se gostado mutuamente, ficarem separados? Sem nem ao menos se
darem a chance de se conhecerem melhor.
Tantas canções para serem feitas. Tantos poemas. Tanto para
se mostrar e tanto para ver. Tanto para se ensinar e muito mais ainda para se
aprender. Tanto sim corajoso para dizer.
O aborto prematuro da possível relação, seja ela qual for, é
que faz o peito do passarinho sangrar. A possibilidade engasgada do desabrochar
da flor.
Passarinho quer encontrar. Ver o Raio de Luz brilhar. Voltar
a cantar. E quem sabe ensinar a voar. Aprender junto a pousar num par.
Passarinho não se importa em voar devagar. Passarinho só não
quer parar!
Dor de passarinho não é voar devagar. É não ver o sol brilhar. É parar de voar!