A prerrogativa da saudade deveria ser a reciprocidade. Mas essa menina ingênua não parece ter amadurecido o suficiente para saber que o que não é recíproco pode marcar e pulsar um tanto de tempo maior que o próprio tempo.
- Saudade, sua moleca, vá já brincar na rua. Vai já pra fora de casa. Saia já dessa janela. Da janela não se vive, só se vê. Vai pra rua, vai viver!
Ela me olha com cara de quem sabe da vida tanto quanto uma vovózinha do interior que tem por nome Isabel e sorri em silêncio.
- Meu Pequeno, - responde-me com ares de sufocada esperança - há quase 2 ciclos de tempo que brinco de esconde-esconde com uma lembrança que hora aparece e hora some, hora é menino e hora é homem, hora é conquista e hora é 'new home', hora é alimento e hora é fome, hora me sacia e noutra me come.